Pós-graduação em Ensino de Língua Portuguesa

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quinta-feira, 15 de abril de 2010

O Email como Gênero Textual na Sala de Aula

WASLEY SANTOS
Segundo Marcushi (2004 apud Santos, 2009), os gêneros textuais são os textos materializados encontrados em nosso cotidiano. Esses apresentam características sócio-comunicativas definidas por seu estilo, função, composição, conteúdo e canal. Para a Linguística Textual, os gêneros textuais englobam estes e todos os textos produzidos por usuários de uma língua. Assim, ao lado da crônica , do conto, vamos também identificar a carta pessoal, a conversa telefônica, o email, e tantos outros exemplares de gêneros que circulam en nossa sociedade.
O email, inclusive, tornou-se um gênero textual altamente utilizado a partir do século 20, precisamente em 1971, com o advento da era digital e o acesso ilimitado de muitas pessoas à rede mundial da Internet. Em princípio, é um sistema de transmissão rápida via Internet em que os usuários se comunicam em questão de segundos. O correio eletrônico, ou seja, a página da Internet é o suporte e o gênero textual é o email.
Apesar de apresentar desvantagens, como necessidade de provedor de acesso e certa invasão de privacidade - pois esse gênero circula muito livremente pelo ambiente virtual, podendo ser enviado para endereço errado, ser copiado e até mesmo alterado – o email oferece vantagens que superam os previsíveis prejuízos. Podemos citar como exemplos dessas vantagens a velocidade de transmissão de informações e a possibilidade de envio da mensagem (ao mesmo tempo) para diversos destinatários.
Pensando em uma sala de aula, na visão de um projeto coerente e coeso de ensino de língua materna através de gêneros textuais, o email é uma excelente opção para o professor utilizar em sua práxis. Excelente porque esse gênero está a todo o momento à disposição da necessidade sócio-comunicativa do aluno e pode ter também uma aparência muito semelhante ao do bilhete ou carta pessoal, gêneros estes, inclusive, já bastante surrados pela escola.
Diante disso, é interessante que o professor compreenda o email como gênero textual, o qual tem uma estrutura-padrão da carta: vocativo, texto, despedida e assinatura (podendo variar a depender do grau de formalidade e/ou de quem seja o destinatário). A linguagem varia, igualmente, conforme a situação estabelecida entre os interlocutores. Seus parágrafos costumam ser curtos para uma maior clareza na leitura do texto.
Portanto, ainda dentro desse projeto de ensino de língua materna, há que se pensar como esse gênero se presta ao ensino de língua, em que contribui e de que necessita para sua efetivação de uso em sala de aula.
Tendo em vista o trabalho pedagógico das aulas de linguagem com Análise Lingüística (AL) dos mais variados gêneros textuais, o email propicia um leque de pontos a serem analisados e discutidos pelos alunos e pelo professor. A avaliação dessas produções abandona os critérios quase que exclusivamente literários ou puramente gramaticais e desloca seu foco para outro ponto: o bom texto não é aquele que apresenta (ou só apresenta) características literárias, mas aquele que é adequado à situação comunicacional para a qual foi produzido. Ou seja, se a escolha do gênero, se a estrutura, o conteúdo, o estilo e o nível de língua estão adequados ao interlocutor e podem cumprir a finalidade do texto.
Quanto à aplicabilidade, seria viável, apenas como sugestão de trabalho, que o professor, ao tomar o email como gênero textual nas aulas de língua, solicitasse aos alunos para que escrevessem, por exemplo, um email para uma autoridade da sua cidade, convidando-o para um dado evento da escola. Depois, que outro email fosse elaborado para um amigo íntimo, informando-o que tal dia não haverá aula e por qual motivo.
Ao avaliar a produção de texto desse gênero email, o professor atentará para que sejam observadas pelos alunos as diferenças básicas de cada email-texto produzido, comparando a linguagem usada e as diferenças quanto ao conteúdo e à finalidade. Só muito depois, muito depois de que fossem discutidas, compreendidas e apreendidas as questões concernentes à funcionalidade desse gênero, o professor faria revisão(ões) e reescrita(s), quantas vezes precisas, para adequar a estrutura sintático-semântica das frases, os fatores de coerência e os mecanismos de coesão do texto, o vocabulário a dotado etc.
O trabalho de AL, assim, ganharia mais espaço de maneira lógica e didática. As aulas de língua não seriam mais preenchidas com listas de verbos, nem muito menos produções textuais desconexas à realidade de mundo do aluno. Seria, portanto, ensinar o que dizer e como dizê-lo a alguém.
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Referências
MARCUSCHI, Luiz Antônio. Gêneros textuais emergentes no contexto da tecnologia digital. In: MARCUSCHI, Luiz Antônio; XAVIER, Antônio Carlos. (Orgs.). Hipertexto e gêneros digitais: novas formas de sentido. Rio de Janeiro: Lucerna, 2004, p. 13-67.
PAIVA, Vera Lúcia Menezes de Oliveira e. E-mail: um novo gênero textual. In: MARCUSCHI, Luiz Antônio; XAVIER, Antônio Carlos. (Orgs.). Hipertexto e gêneros digitais: novas formas de sentido. Rio de Janeiro: Lucerna, 2004, p. 68-90.

http://www.webartigos.com/articles/20685/1/O-Email-como-Genero-Textual-na-Sala-de-Aula/pagina1.html
Jane

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